POEMAS METALIMGUÍSTICOS --- I

POESIA AO ACASO

 

 

 

 

Contemplo o sol.

Canto ao vento.

Sinto --- agindo sobre mim ---

O galopar do tempo.

 

 

Cheiro a sal do mar.

Sou testamento.

Por horas a fio,

Sentado no chão do silêncio,

Confabulo com meus pensamentos.

Na pista da vida, vivo sempre em movimento.

 

 

Na rima do mundo,

Comporto-me como quem seja

Um poeta a meio passo da ribanceira.

 

 

Mas então,

Escuto o perfume da alegria

Sapatear pelas narinas do meu desejo:

 

 

Assim, aos poucos,

A flora e a água

Se amalgamam com a fauna da imaginação,

Parindo um poema livre,

Leve, elástico, elétrico,

O mais jocoso trovão intrépido! 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

 

                               QUARANDO O POEMA                             

 

 

 

 

Ao me deparar

Com o plasma que mancha a alegria da dignidade,

Doma-me a sequidão por um poema a bem da verdade.

 

 

Quando a recordação viscosa

Penetra e subjuga o DNA da memória,

Devassa-me a sede de fazer um poema na mesma hora.

 

 

Então minha pessoa converge ao mar

Do meu córtex, estando á procura da fonte:

Ideias hospedadas em mansões de nuvem

Tomam a forma da vérvica palavra

Que quara o poema para concluí-lo ao irromper das cinzas da alvorada.          

 

  JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

                          OLARIA DA POESIA RAQUÍTICA                          

 

 

 

Fabrico toscos tijolos da Lírica:

Em seguida, monto o poema

Com toneladas do cimento

Da ferina lâmina dos sentimentos

 

 

Ou com a onipotente argamassa da líquida reflexão

(a sua concisa e basilar alvenaria).

Assim ---- ei-la, enfim ----

Como a mais eloquente desnutrição da poesia.

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

 

                                

 

                                DESCONSTRUÇÃO

 

 

 

Imerso no magnetismo do colchão,

Perco-me numa neblina de sonhos, miragens e vãs divagações.

Quando acordo,

Possuo apenas um poema

 

 

De índole vácua:

E sua teia é navalha

Que o corcel da mente escalavra,

Lancina e mata.

 

 

Seu legado é o soçobrar do fluído verbo.

Seu legado é a afasia do produtivo fazer poético.

Seu legado é a elisão do penetrante, sábio e facundo verso!

 

 

Assim, o que resta é um poetar sem eco, povo nem reflexo.

O que resta é um poetar sem alvenaria, alicerce, paredes e teto.

O que resta é um poetar com malária, chagásico,  asceta, Acético! 

 

 

 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA